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quinta-feira, 21 de março de 2019

HISTORIAS DE GUARAPUAVA.

HISTÓRIAS DE GUARAPUAVA. INCÊNDIO NA IGREJA MATRIZ, 17/03/1908 Meu DEUS, quantas histórias vivi e estive presente, meu olhar sempre atento a tantos eventos que estou profundamente cansado. Estava eu andando na cidade quando alguém proseou que o Monge João Maria tinha retornado,como já há muito tempo não escutava seus relatos, desci a pé até o vale do Jordão para revê-lo, esperei a tarde toda e perguntando aos moradores, e ninguém sabia de nada. Acho que me passaram a saliva, mentiram. Bem, retornei para a cidade, mesmo lembrando as palavras proferidas muitas vezes pelo monge,- Guarapuava vai virar um Porungal-,...- se você tem fé, rezar para um toco tem o mesmo valor de uma igreja...-, entre outras, continuei caminhando, pé após pé. Hoje dia 17 de abril de 1908, as palavras do Monge me impulsionaram a ir rezar na igreja matriz, pois aconteceria à cerimônia da Via Sacra, que faz parte dos festejos da semana Santa, estava muito estranho o dia todo, algo ruim me embrulhava o estomago, cheguei a minha casa, encontrei meu cãozinho e dei- lhe de comer, fui ao banho numa pipa atrás do meu lar e preparei-me para a missa. Comecei a apressar o passo, atrasei-me, e pra ganhar tempo e terreno dei passadas mais largas, mesmo assim cheguei a tempo de escutar o sermão do Padre Guilherme, cheio de amabilidade aos hereges que renegam os sagrados sacramentos, o Padre falava em um tom que superava o murmúrio do povo. O saguão do templo estava lotado, me sentia bem dentro da igreja, mais após o sermão procurei a porta frontal, para dar uma relaxada e pegar uma brisa, meu coração gozava de uma paz espiritual. Algo aconteceu, poucos minutos após, escutei gritos, “Fogo”, “Fogo”, tentei empurrar a porta, mais tinha alguma coisa que impossibilitava, corri na janela lateral, para perceber o que estava acontecendo, meus olhos viram uma multidão enlouquecida, procurando sair, mais iam se amontoando, e o berreiro aumentou, uns sobre os outros, uma situação difícil, mais de 200 pessoas caídas pedindo socorro e misericórdia, todos comprimidos que começou surgir uma coluna de metros . Comecei a gritar “Voltem”, “ Voltem “, pois o fogo que ocorreu nas cortinas negras do altar- mor, já tinha se dissipado e abafado, porem a loucura continuavam o povo apavorado se via a buscar a saída. Uma confusão horrível, gritos de crianças, mães desesperadas ecoavam chamamento de seus filhos, tanto era o berreiro que não sabíamos o que fazer para ajudar. Felizmente após derrubada da porta que atrapalhava, fizemos escoar a multidão enlouquecida, demos de cara com vários corpos caídos, uns sobre os outros, que visão de tristeza, lagrimas na cara de todos e choro continuo. Infelizmente após redução e calmaria, começamos a recolher os feridos e levando-os até a praça da matriz, alguns recobraram os sentidos, outros apesar das varias tentativas de retornar os sinais vitais, isto não aconteceu. A noite mais triste da Historia de Guarapuava, deixou um saldo de seis vitimas fatais, Noêmia Luiza Scheleder 16 anos, seu irmão Ataliba Scheleder, 6 anos, Antonina Sylleri , 13 anos, Joana Maria da Conceição, 59 anos, Oswaldina 9 meses e Maria , 2 anos, todos pereceram por esmagamento, ossos quebrados e asfixia e mais de 40 feridos. Pelo fato ocorrido, difícil associar um ou mais culpados, pelo fatídico, o povo em geral prestou homenagem aos falecidos, num cortejo fúnebre ate o cemitério central, onde oraram e Sr. Virgulino Brasil em nome de todos proferiu as palavras “ A alma do povo, que ri quando o povo ri, que chora quando o povo chora “, estas pálidas palavras encerraram o enterro e ficou o luto no coração de todos. Despeço-me... Meu nome é vida. E a vida que segue.

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