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Publicarei noticias esportivas de guarapuava e região , e algumas fotos da história do futebol em guarapuava .

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A MORTE ANUNCIADA DE UM SIMBOLO...


Autor da crônica meu amigo(foto)..
Ariel José Pires
Sócio nº 205
Atleta juvenil de 1973 a 1977
Atleta sênior de 1987 a 1992
Ex-ocupante cativo, juntamente com a vovó, das cadeiras 22 e 23 do setor A.





O LOBO CHORA...





NINGUEM O ACOLHEU...DESISTIU DE VIVER, E FOI EXECUTADO

O QUE FALAR A NOSSOS FILHOS E NETOS...

A MORTE ANUNCIADA DE UM SÍMBOLO

À memória de Ladislau Gadonski, o amigo Ladio, que morreu antes de ver a destruição de grande parte da sua memória.

Parafraseando um texto de autoria desconhecida, que faz menção a um fictício encontro entre avô e neto, em um ano distante no futuro: corre o ano de 2069 da Era Vulgar, na Cidade de Guarapuava, Estado do Paraná, onde teve inicio uma conversa entre avô e neto, a partir da seguinte interpelação:
– Vovô, é verdade que ali já teve um campo de futebol que pertencia a um clube chamado Guarapuava Esporte Clube?
- Sim meu neto, é verdade. Tenho orgulho de ter jogado naquele time, quando tinha a sua idade.
- Nossa, vovô, você jogou futebol ali? Mas por que desapareceu o estádio?
A calma da pergunta revela a inocência da alma juvenil. E, no mesmo tom vem a resposta:
- Corria o ano de 2009, e os acontecimentos atropelavam tudo. Naquele momento não houve uma mobilização social pela não destruição do estádio. Sobretudo por parte dos associados de então. Assim, o saudoso Lobo Solitário foi vendido para uma tal de iniciativa privada. Naquele momento morreu mais um importante componente do que chamávamos de “MEMÓRIA COLETIVA” da cidade.
– Memória? Mas o que é isso?
- “Memória” era um componente muito importante na configuração da identidade de um povo, na alma de um povo. A memória era construída por todas as pessoas, mas a sistematização da idéia era obra de homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a respeitar e valorizar um símbolo.
- Eles ensinavam tudo isso? Mas então eles eram sábios?
– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.
– E como foi efetivamente que o símbolo desapareceu, vovô?
- Antes, meu filho, deixe-me explicar o significado de símbolo naquela época: elemento constitutivo do sentimento de identidade, de continuidade e de legitimidade; a presença do múltiplo obrigava poderes constituídos a negociar sua legitimidade; era uma tradição que definia um povo; era algo sagrado, ou melhor, sacralizador; uma presença na ausência.
Continuando o vovô disse:
- Ah, o desaparecimento, não foi só do estádio, mas também de toda a arquitetura antiga da cidade, foi tudo parte de uns planos secretos e geniais, que foram sendo executados aos poucos. Eles acabaram com todas as formas de avaliação, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os planos de destruição eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para a manutenção do símbolo. Depois, muitas pessoas estimularam a falta de respeito ao patrimônio histórico, em nome da modernidade e das “contas a pagar”. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos de identidade, de cultura e de autonomia. O velho senhor suspira, engasga e continua:
- Como doía, meu neto, ver o maquinário derrubando cada tijolo do símbolo. Cada batida, cada pancada do monstro de ferro com garras, nas arquibancadas, atingia nosso íntimo sagrado do imaginário. Agora, nossa ilusão entra em campo num estádio desaparecido. Como dizia uma canção de Moacir Franco:... Uma torcida de sonhos aplaude, talvez... Nossas pernas cansadas correram por nada... O nosso time foi derrotado... O placar foi elástico.


... QUE FOMOS DERROTADOS





SEM LUTAR...?














































































































2 comentários:

Paulo ianesko jr disse...

triste mesmo essas fotos do nosso estadio pato.

Ariel José Pires disse...

Valeu meu amigo Pato. Obrigado por publicar o texto, ainda que nossa memória do Estádio Lobo Solitário, nunca seja curada do profundo ferimento identitário...
Abraços e parabéns pelo blog
Prof. Ariel